"Lick your lips as I soak my feet"

Eu desenhei uma casinha para mim,
nela haviam flores,janelas coloridas,e chaminé,
eu pintei as paredes de azul bebê,coloquei cortinas brancas,
pendurei em minha parede quadros de paisagens,
arrumei a minha cama e minha vida...
Mas derrepente a casa foi ficando tão estranha,
o azul ad minha parede descascou,
no meu jardim todas as flores secaram,
as janelas coloridas perderam a cor e se quebraram,
a chaminé se tornou suja e tapada de cinzas,
nos quadros as paisagens se tornaram tristes e vazias,
minha cama ficou vazia e minha vida se desmontou...
Eu não queria poder ter que assumir,
mas eu preciso do ar,da conveniência,
eu não sou ninguém sem um instante de maldade,
as ruas estão cheia de pessoas,prostitutas circulando com seus saltos insustentáveis,
crianças brincando com os pedaços de felicidade que encontraram no lixo,
os loucos impossibilitados de sanidade,
os viciados cada vez mais magros,mais destruídos,mas possuídos pelo falta de domínio...
e eu,no meio de todas essas pessoas vejo a distância de nossos sentimentos,
eu sofro,eu morro,eu vivo,
eu me desespero de pensar que poderia estar no lugar deles,
e eu não preciso de um salto insustentável.
Sinto sono mais tenho medo de fechar meus olhos,
sinto medo de me matar,de me sufocar com os pesadelos que sinto sózinha,
eu tive que tomar todos aqueles remédios,mas eles me fizeram despertar do pesadelo,
eu precisava de um momento de bebedeira,
de poder andar pelas ruas bêbada,rindo da infelicidade,suja,descabelada,descalça,
e talvez quem sabe até uma prostituta me emprestar um salto insustentável?!
Eu estou dentro de um mundo distante,
e não me venha com essa de ser correta,pois eu quero mesmo a CORROMPIDA,
não faço parte das histórias bonitas,sempre foi assim,
e talvez eu ainda quebre meu pé com um salto insustentável,
caída na versão mais sublime da precariedade,
o poder que a alma tem de destruir momentos e sonhos,
sou problemática,e não preciso de ajuda,
eu vou morrer aqui,sózinha com minha solidão,bêbada,drogada,feia e acabada,
eu vou morrer dentro da inexistência,
eu vou morrer calçada com o salto insustentável!